terça-feira, dezembro 27, 2011

Sobre as lembranças...

Encontrei um amigo antigo, um dileto amigo!
Passeamos ao luar. Em frente ao mar.
Fizemos do passado um consistente estar.
Reviramos um baú. Tão antigo!
As lembranças retiradas soprávamos ao vento.
E este as fazia impregnar o ar.
O ar do passado, agora no presente.
Sorrisos. Memórias. Mágoas. Lembranças.
Tantas lembranças!
Que nos roubavam o presente.
E nos traziam antigas cartas.
Silenciavam-nos os lábios e inundavam-nos os olhos.
Bons tempos. Tempos tão bons.
Mas outros dias vêm
E aqueles dias por estes são retidos, detidos.
A vida é um oceano, amor!
O que não há valor fica na superfície.
Afetado por tudo, se perde, se vai.
O que se possui dileção subsiste, sobrevive ao fundo,
No fundo desse oceano.
Os grãos do fundo podem até encobri-los,
Mas basta uma forte maré,
E tudo se mostrará.
A ostra se abrirá.
Estará lá, amor!
Deixe as boas lembranças atracadas no fundo.
Que estas revivam em cada sorriso teu.
Mesmo ao sorrir à outras coisas.
As pérolas, amor!
Nascem no fundo. No fundo do mar!
Deixe a profundidade para o que há de bom.
Nas profundezas, reserve os bons amigos, os belos amores, “aqueles” momentos.
Permita que tuas águas os envolvam.
Deixe-os firmados em teu chão.
E traga-os à tona quando quiseres. (Ou não quiseres.)
É, amor!
Certas coisas vão às profundezas desmerecidamente.
Cuide dessas também.
Pois, podem ter te roubado tristes lágrimas
Porém, por estas (também) tuas águas cantam.

Morgana Medeiros

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Felicidade.

A felicidade, amor!
É uma folha seca que não habita mais a bela árvore.
É o pelo caído do animal adorável.
São os óculos sem as lentes.
A felicidade é desprezível.
É pobre. É sacana. É sonsa.
A felicidade é vã!
Não a procure. Não a deseje.
Essa misteriosa mulher lhe enfeitiça
E se vai. Some!
Não acredite nela.
Infeliz felicidade!!

Morgana Medeiros

domingo, dezembro 18, 2011

Perdas.

Isso é bobagem, amor!

Não há quem ganhe sempre.

As perdas sempre virão. Sempre!

Morgana Medeiros

domingo, dezembro 11, 2011

Minh' alma!

Num interior denso e negro

Minh’ alma vive!

Num deserto imerso em secos ares,

Num casebre longe da fumaça da cidade, das convenções, tradições.

Minh’ alma, triste mulher do sorrir.

Só vive, insiste, assiste, resiste.

No olhar que sorrir há o coração que sangra.

Sentir refeito, ressentido, remetido, ofendido, repetido, repentino.

Sentir natural. Não banal. Informal.

Singular ser. Ser singular, porém plural.

Múltiplos e infinitos passos. (largos, curtos, profundos, escuros!)

Quem poderá conter-te?!

Quem te deterá?! Quem?! O que?!

Alma furta-cor, mística, rítmica.

Minh’ alma! Alma minha!

Meu ser, meus eus, meus sons, meus tons.

Minh’ alma, cria minha. Cria-me. Cria tua sou!

Morgana Medeiros

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Certos fatos.

Alguns fatos constatados são sinceros, porém severos.

Alguns acontecidos são mãos na face com aspereza.

Alguns e tantos são explanações escuras, frias, sofridas.

Não há. Não dá. Não vá. Vem cá.

Olha nesses olhos que te potencializa e idealiza tanto

E acredite neles. Eles são sinceros.

Uma seda quente me envolve e dissolve-me.

Engole-me e apropria-se de mim.

Seda quente e escura. Crua.

Não há saída, nem entradas.

Não há figuras, nem fachadas.

A seda repressora e fingida vive em insistente corrida, contra minha vida.

Na face, a lágrima desliza triste, tão triste.

É, meu amigo, algumas coisas nos põem pra trás.

Outras coisas nunca nos permitirão ter paz.

E tantas outras, sempre te apontarão “Incapaz”.

Morgana Medeiros

Retratos

Meu bem, não se engane.

Você sabe o quanto há, do passado, nesse sorriso de agora!

Você sabe o que levam as fotos que ficam.

Você sabe que nada passa despercebido.

Ah, meu bem. Eu sei. Eu sei que você sabe.

No coração há um mural, amor!

Alguns retratos antigos são removidos. Novos, postos.

É preciso fugir de alguns. Eles são ofensivos. São cruéis.

Às vezes, é mais triste vê-los amarelados.

Melhor mesmo é não vê-los. É nem tê-los.

Ah, amor. O que levam as fotos que ficam?

O que causam os sentimentos neles contidos?

Não se engane, amor!

Alguns causam dor, outros saudades. Outros...Viagem. (!)

É preciso, sobretudo, saber a hora de parar.

É preciso, às vezes, calar e sentir.

Às vezes, fugir. Outras vezes, fingir. E ainda outras, apenas, sorrir!

É, amor. É preciso saber o que não se quer.

É preciso saber o que não vem.

É preciso saber o que não vai.

É preciso, amor, não precisar!

Sobretudo, não precisar!!

Morgana Medeiros

sexta-feira, novembro 25, 2011

Fim do dia!

Vou dormir!

Que esse dia, pra mim, já deu!

Que nada, minh’alma, acendeu.

Que a luz ilumina, apenas, o que me escurece.

Minha alma está enegrecida!

Nada pra dilatar a pupila.

Nada que me torne mais sentida.

Queria vazar a madrugada.

Mas só o fim me amola.

Que esse dia passe!

Que finde! Que se vá! Que se apague!

Nada me rende agora!

Nada renova! (apenas o fim.)

Nada consola! (nem me deixa afim.)

O que quero está longe da mão.

O que desejo não se alcança, apenas, com o coração.

Finde, dia!

Apague, noite!

Que essa aqui já não tem nada pra ti.

Que essa aqui só precisa parar e dormir!

Pra, quiçá, amanhã sorrir!

Morgana Medeiros

quarta-feira, novembro 23, 2011

O tempo

Passando o passado pra frente.

Sentando com cansada mente.

A mente que mente pra mim.

O alvo que vivi fugindo afim.

As mãos sustentam carinhos invisíveis

Os pés caminham em estradas irreais.

O vão se torna quase irmão. Nem queira saber nossas intimidades!

A amizade abre tantas exceções! (Isenções!!)

O amor exige tantas privações!

A vida é mesquinha.

As coisas não vividas não são esquecidas,

Logo, como diz Quintana, continuam acontecendo.

Mesmo sem acontecer ou ter acontecido. (!)

É. É assim, meu bem! Acredite!

Basta um passo e trilhões de compassos te seguem.

Sorte se forem aliados. Azar se forem cargos.

Ah, meu bem, eu te avisei.

Apontei com o dedo e te mostrei com o coração.

As coisas são e não são, porque são.

Viva, apenas! E não pense que seja pouco.

É muito, é tanto. É tempo. É arte.

Ah, o tempo!

Não confie nele, amor!

Apenas aceite-o. Apenas sorria pra ele, vez ou outra.

Ele é aliado, mas ambíguo!

Ora te traz alívio, ora te trará açoite.

Mas é bom, amor! No fundo, é bom!

Ele é maestro, é mestre.

Mas não pense que ele te fará apagar nada.

Ele, apenas, ameniza as dores pra que você possa viver. (Mas não apaga-as!) Nunca!!

O tempo, meu bem, é aquela brisa suave que arrasta as folhas, que atrai fluidos, que espalha uns, separam outros, que destrói, que limpa um lugar, e com a mesma sutileza, revira outro.

Ah, amor! Certas coisas, por mais que se explique, não se entende!

O lance é viver! É passar! O lance é se deixar, se entregar e acima de tudo, sorrir e se quiser, chorar. Essas são as experiências maiores da vida, as imperdíveis do viver!

Morgana Medeiros

domingo, novembro 20, 2011

A sombra

Minha filha, filhinha!

O caminho é longo!

A vida é curta.

O tempo não perdoa.

Logo, logo a nuvem passa

E a sombra vem!

Morgana Medeiros

quarta-feira, novembro 16, 2011

Aquilo da química!

As químicas existem! Elas são reais, mas temporais, passageiras!! Nem sempre a combinação terá a reação desejada. Nem sempre a espuma, do gozo, surgirá. Nem sempre a combinação trará a cor desejada, cintilante e viva.

As químicas se bloqueiam também. As químicas ora dão certo, ora se anulam. As combinações ora casam, ora divorciam-se. As químicas existem, mas são limitadas à combinação, são dependentes dos reagentes para, de fato, reagirem.

As químicas são traiçoeiras. São falíveis! Não são eternas. São, apenas, ternas! Ternas! Apenas isso. E nada mais!!

domingo, novembro 13, 2011

Poeta!



 Tanto sentimento que transita em sentidos.

                                       Tantos vãos que emergem sem perdão.

E os pés que andam na contramão.

                              E a escolha do coração?!

Minha poesia é racional.

                         Minha poesia tem razão!

                                           Minhas rimas são incontidas.

                                                       Meus versos são maestros!

                                                                    Minhas mãos artistas.

E meu coração POETA!

quarta-feira, novembro 02, 2011

O tempo fechou,amor!


O tempo fechou, amor!
O cinza é quase palpável.
As mãos apontam a frieza do clima.
No coração é notável a escuridão.

O tempo fechou, amor!
Os pássaros se esconderam.
As crianças correram.
As roupas molharam.

O tempo fechou, amor!
A batucada cessou.
O violão. Guardou!
A cidade está enxuta de gente.

O tempo fechou, amor!
A canção não aguentou. Congelou!
O sol nem tentou. Deixou!
E as gotas afogam a alegria que restou.


                                                                                                                             Morgana Medeiros

sexta-feira, outubro 21, 2011

Quando eu morrer!


Quando eu morrer quero que o dia amanheça azul. Quando eu morrer! Nesse dia desejo que os pássaros apareçam numa serenata e que o mar dance celebrando a minha vida.
Não quero lágrimas, não quero lamentos. Quero canção, quero celebração, quero um samba, quero uma bandeira (azul) hasteada.
Quando eu morrer vou deixar minhas mãos nas mãos que entrelacei, vou deixar meus lábios nos lábios que beijei, vou deixar carinhos na face dos que amei.
Quando eu morrer!

sexta-feira, outubro 14, 2011

Viver!


Afinal, o que é viver, se não uma jogada?!
Uma jogatina desgraçada, disfarçada!
Uma saga! Uma farra!
Um ferro, que fere, e que logo sara!
Um cãozinho tristinho que arrebenta com tua cara!
Um vão, em vão, cheio de não. Uma farsa!
E um coração que se enche de vermelhidão. Pulsa!
E uma solidão tão sociável. Caça!
Uma mão fofinha e fria. Corrida!
Um abraço que espreme e mata!
Faz matar, faz caçar, faz berrar. Cansa!
Viver é morrer todos os dias. Pena!
Viver é esgotar em agonia e euforia!
Viver é sofrer, chorar e sorrir até matar!
Matar a caça, a farsa, a VIDA!

                                                                  Morgana Medeiros.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Meta


Vivo a meta de uma metavida
E a decência de um simples convite.
Estou além de minha visão.
Conheço métrica e canção.

Sou morada de um metamor.
Sou criada de um constate cogitar.
Vivo num exílio chamado “eu”.
Percebo me desconhecedora de cômodos desse viver.

A meta de minha metavida
É de não ser mais maltrapilha.
É seguir a meta de uma metadistância.
É ironizar da meta de minha metavida.

Pois a meta que me mete medo
Vive virando-me do avesso.
Meta da meta que me metra a visão.
Forja uma força (que fere!) fora da ficção.


                                                                                                                             Morgana Medeiros.

quinta-feira, outubro 06, 2011

Ontem


Ontem cantei um choro.
Sorri um lamento.
Dancei nas lágrimas.
Sambei fora de tempo.

Ontem fui à praça.
Quebrei a taça.
Rasguei a carta.
Cantei com graça.

Hoje sou sorriso.
Sou improviso.
Hoje sou águia.
E um punhado de areia.

Hoje tenho certeza.
E, um tanto, de tristeza.
Tenho um sorriso de canto de boca.
E uma euforia que me torna louca.

                                                                                              Morgana Medeiros.

quarta-feira, outubro 05, 2011

Coisas Davida!


 Lembro-me daquele amor...
Surpreendente, suave, lindo.
Ela que brilhava os olhos ao olhá-lo
Ele que soltava o sorriso mais lindo ao vê-la.
E quadras, e monitorias, e corredores
Serviam de palco.
Era ali que se passava, PASSAVA, aquele amor.
Mas vieram as regras, vieram as leis, vazias em amor,
E a trouxeram dor, e impuseram o fim daquele amor.
Mas ainda hoje causa dor, ainda hoje a interrogação machuca.
Assim, a vida segue, mas o sentimento é vivo. E teima em viver.
E eu falo e brinco: são coisas Davida!
É, as coisas, nessa vida sempre ficam!
Ficam pra trás e ficam em nós!
Ficam assim. Ficam afim.

                                                                                              Morgana Medeiros.

terça-feira, setembro 27, 2011

Amigãos


Á vocês, meus amigãos, que abrilhantam minhas manhãs.Com muito carinho.

É. É assim mesmo: Amigãos.
Amigos que são irmãos.
Que sorriem do irreal, que discutem sobre o que é mal.
Que se unem na esquina, que alguns chamam “esquisita”.
Que a ventilação uniu e nem ela conseguiu separar.
Andamos em par, apesar de sermos cinco.
Linhas que se fundem, linhas que se unificam.
Vocês, meus amigos, sempre os levarei comigo!

                                                                                                              Morgana Medeiros 


Graça

Graça é encontrar uma vidente de calça!
Graça é caminhar sozinho e sorrindo.
Graça é entregar uma rosa na mão do menino.
É olhar o céu e observar o passarinho. (Tão verdinho!)
É encontrar a criança te fazendo um carinho.
É trazer o pão a mesa, é nadar na natureza.
Graça é andar pisando os rituais, é entender que eles são banais.
Graça é escrever no chão, é estender a mão.
Graça é a beleza de uma gargalhada e a leveza daquelas pisadas!
Graça vem de lindo. Graça vem através de Cristo.

                                                                                                                             Morgana Medeiros 

sábado, setembro 24, 2011

Cansei


Cansei desse insistente vem.
E querer teu bem.
Cansei dos teus carinhos desejar.
E de contigo sonhar.

Cansei de te querer.
E de não tentar te esquecer.
Cansei de insistir.
E de tua imagem colorir.

Cansei de sonhar com teu sorriso.
Cansei de, em ti, procurar abrigo.
E de lembrar de teus sussurros.
E de reverberar teus murmúrios.

Cansei de te guardar em mim.
E de reservar teu lugar assim.
Cansei de sonhar com seus carinhos.
E de te entregar miminhos. Cansei e já desisti!

                                                                                              Morgana Medeiros.

domingo, setembro 18, 2011

Buraco Negro



Em um negro buraco
Nossos sentimentos foram lançados
A passos largos fomos afastados
Em vez de ponte, hoje estamos afogados

Os sentimentos se vão
São vãos
Nada são, depois que se vão
E nada fica... Se não feridas.

Mas as feridas nunca serão esquecidas
Em dias que estiverem doídas
Deixarei serem sentidas
Em dias que quiserem atenção, sentarei no chão.

Mas deixa ir
Pois a razão grita em meu coração
Exigindo explicação
Desejando consolação

Nesses dias que não me encontro
Retratos coleciono.
Poemas componho
Em versos me ponho.
                                                                                                                             Morgana Medeiros

domingo, setembro 11, 2011

Ser poeta.


Ser poeta é viver mergulhado num oceano peculiar.
E sair vez ou outra desse mar.
E mesmo saindo, sai encharcado das águas da poesia.
Que proporcionam ora letargia, ora euforia.

É ser sozinho e cantar mesmo assim.
É reconhecer carinho em forma de versinho.
É ser superior e menorzinho.
É ser andarilho que admira os céus e caminha mansinho.

É encontrar nos destroços da despedida.
O néctar precioso de uma margarida.
E vasculhar o caos, sofrer com ele.
E escrever lindamente sobre este.

É viver a arte, cantar o amor!
É chorar com as idas, e sapatear com as voltas.
É caminhar com uma letargia quase morta.
É colorir as paisagens daquilo que nunca volta!

                                                                                                                             Morgana Medeiros.

terça-feira, agosto 30, 2011

Desejo Azul

Freneticamente aguçado ele vem.

A piscadela elegante e despretensiosa,

Canta o encanto de sua monstruosa,

Beleza. Que (nem vem!) desdém não tem!


Azulado que se projeta em serenidade!

Que ainda calado causa estilhaços!

Estilhaços, do desejo, que logo serão laços.

Que se amontoam, enlaçam e exibem a complexidade.


O desejo azul anda com o branco,

Nesta simbiose torna-se impossível ser manco,

E se descobre inimigo do cinza. (Uniforme feito reza!)


Assim ele vem! Colore a paisagem, projeta miragens!

Suas delicadas mãos elevam do chão, de meu coração, as velhas paisagens.

Enegrecidas por desejos cinzas, neutros e frágeis!


Morgana Medeiros.

quarta-feira, agosto 24, 2011

Soneto da paixão

O gotejar das nuvens molham as passagens.

As águas salgadas dos olhos dão gosto ao paladar.

As ondas ousadas do mar revelam sua imensidão.

O sentir, que chora, faz carinhos ao coração.


O cantar recupera o ar, o sentido, o abrigo.

O silenciar fala ao ser, ao ouvido, ao carinho.

O escrever decifra o pensar.

As mãos entregam as emoções.


O viver camufla o sonhar.

O coração pulsa a vermelhidão.

A sensação sorri pra precisão.


Os olhos transferem compreensões.

Os dedos desenham as confissões.

O vento embala as levezas das paixões.

Morgana Medeiros.

segunda-feira, agosto 15, 2011

Sou!

Sou tudo que digo, mas, também, o que não digo.

Sou tudo que choro e canto.

Sou tudo que acredito e espero.

Sou tudo o penso e expresso.

Sou tudo o que pareço e não pareço.

Sou tudo que admiro e venero.

Sou tudo que brilha meus olhos, iluminando meu coração.

Sou uma canção. Sou uma nação.

Sou uma torcida incansável e insistente.

Sou um pouco de cachaça à meia-noite (à meia luz)!

Sou anos-luz mais do que sou.

Em mim, batem três corações (vezes três)!

Sou a imensidão de mim.

Sou, até, às vezes, o oposto de mim.

Sou o que só eu posso ser

Sou o que sou, o que fui e o que serei.

Sou!!

Morgana Medeiros

sexta-feira, agosto 12, 2011

Conexões...

Quadros, linhas, traços...

Sonhos, desejos, ambições...

Amores, amigos, laços...

Senhores, senhoras, vínculos...


Gritos, silêncios, ruídos...

Passagens, momentos, atípico...

Normal, igual, banal...

Carinhos, carícias, vertigem...


Sede, sedento, acalento...

Palavras, versos, poemas...

Linhas, entrelinhas, interpretações...

Amplo, complexo, profundo...


Sentir, provar, viver...

Atos, autos, linguagem...

Fatos, fotos, miragem...

Amor, mania, vício...

Morgana Medeiros.

segunda-feira, julho 25, 2011

Meus Versos.

Tem dias que a vida não tem gosto de vida.
E que a luz da alma se volta pra masmorra.
Mais que isso, os olhos fitam sonhos apodrecidos.
As mãos se agarram ao que o coração quer largar.

A alma, edificadora de meu universo, se esconde.
As palavras domesticadas silenciam.
Os pensamentos gritam.
E cada segundo do relógio parece regredir um milênio.

Nesse regresso encontro-me desenhando palavras.
Codificando os sentimentos em versos.
Curvando-me mais a cada momento que os gritos parecem querer desistir de gritar.
Curvo-me na intenção de absorver com precisão os discursos que, agora, sussurram.

Conduzo os versos e seus sucessores cautelosamente.
Com cautela os uno e lhes invento ligações, nexos...
Ali unidos em conexões muitas eles nascem e sorriem.
Sorriem pra mim e por mim. E se entregam aos que os leem. (E cantam e encantam!)

Morgana Medeiros.

quarta-feira, julho 20, 2011

Passagens.


Em dias não narcisos, saia-se com amigos.

Em dias sem graça, tome cachaça.

Em dias de luto, chore.

Em dias de euforia, cante.

Em dias de nostalgia, deite e relembre.

Em dias de solidão, contemple o mar.

Em dias não sombrios, sonhe.

Em dias sombrios, se esconda.

Em dias bons, curta-os.

Em dias ruins, chore.

Em dias improdutivos, lamente.

Em dias ricos, festeje.

Em dias não silenciosos, conte.

Em dias silenciosos, ouça.

Em dias insuficientes, cogite.

Em dias estimulantes, escreva.

Morgana Medeiros.

terça-feira, julho 19, 2011

Devaneios do viver


Eu quero dançar na chuva.
Sem me preocupar com o que vão dizer.
Eu quero sentir as águas geladas do mar.
E gritar do último andar do prédio.
Quero chutar os grãos de areia.
E sentir a música de olhos fechados.
Tomar vinho bem gelado.
Ligar o som bem alto e dançar.
Quero gargalhar, até cansar.
Quero sentir, quero viver, quero poetar e cantar.
Cantar sem medo de errar a letra.
Escrever poesia na madrugada.
Ser inspiração, receber inspirações.
Correr na estrada boêmia vazia.
Sentar e deitar no asfalto frio da estrada.
E sentir, e cantar e viver.
Eu quero ser!

Morgana Medeiros.

sábado, julho 16, 2011

Menina-Amor


Esses versos quem deu-me foi uma grande amiga,que admiro muito,que é muito especial para mim.Obrigada pela inspiração que me você me presenteou. Esses versos são seus e pra você,Lívia Liu.Amo você.

Menina, se cada gota do oceano fosse constituída por um tanto do amor que você leva em si.
Se as flores exalassem tantas fragrâncias assim.
E se os olhos, que desejas, se voltassem pra ti.
E, supostamente, seus sentidos se multiplicassem.
O oceano não te caberia.
O mar te desejaria, o sol te invejaria, os pássaros te cercariam.
A natureza celebraria.
És frenética e duplamente assediada pelo amor.
És o amor. És menina dele.
E tal te faz impoluta.
Te faz sortuda, entregue, consciente e, sobretudo, forte.
Ame, contenha (sem contender) o amor.
Deixe-o banhar seus lençóis.
Deixe-o dilatar suas veias.
Deixe-o poetar pelos cantos.
Deixe-o inebriar-te com seu encanto.

Morgana Medeiros

quinta-feira, julho 14, 2011

Sereno Anoitecer



Numa obscura e terna linha dupla.
Os silêncios envolvem.
O coração acelera.
As pupilas dilatam.

O sonho se apresenta.
O olhar fita o infinito.
As mãos-irmãs se esquentam.
E o sol beija o mar.

O ser se veste de serenidade.
O vento lhe embala.
A areia se diverte no corpo.
Os pés se afogam nas ondas travessas do mar.

O céu alaranjado. O delinear do anoitecer.
O calor da alma sublima o frio da noite.
Os cantos nascem.
As vozes se unem.

Ali entre natural e sobrenatural.
Entre sonho e realidade.
Entre céu e mar.
Entre luz e som: contempla-se, entrega-se ao mar.
Morgana Medeiros.

quarta-feira, julho 06, 2011

Coração.




Sou apenas mais uma inveterada e assumida saudosista.
Insisto num passado diferente.
Num passado que não vivi e talvez nunca viva.
Mas vive me assediando.
Vive se mostrando. Se exibindo de perfeito.
Mas, o não viver trás um tanto de morte.
Faz o avesso da sorte.
Que caminho é esse obscuro?
Que me atrai sem dó, nem piedade.
Atrai pra si, mesmo sem está afim.
É visivelmente atraente, desperta curiosidade, entra para lista de ambições.
Vãs ambições. Vãos. São vãos.
Se vão. Vão se perpetuando em corações.
Pobres corações. Alvos tristonhos e cansados.
Sem alarde, ele já sabe silenciar.
Já conhece essa canção e sabe que só se ouve silenciosamente.
A canção silenciosa que tanto toca.
Ah, meu coração!
Quantos sinais foram seguidos, erroneamente?
Quantos rastros foram assiduamente acariciados?
Não pare, coração.
Há de existir uma boa habitação.
Que ensinará uma nova e bela canção.
Onde o único vão será o do porão.
Onde outras notas comporá a canção.
E sentirá outra mão a segurar suas solitárias mãos, coração!

Morgana Medeiros.

sábado, julho 02, 2011

Rica Madrugada

É madrugada. Os olhos, cansados, não querem abrir. As mãos, tão bem colocadas, se recusam a sair da comodidade. O corpo, na inércia, não consegue acreditar no que se passa. No entanto, há uma inquietação no ambiente, alguns sussurros, que de tão intensos, tornam-se gritos. Sem mais poder resistir, eles se ativam: os olhos se abrem, as mãos se dispõem, o corpo obedece.
É a inspiração que se revela, são os sentimentos em desejo de ser concretos. O poeta, seu porta-voz, sabendo de sua missão, ouve os sussurros, já agora falados com mais intensidade, e os põem em um lugar que lhe dá paz: o papel.
Os sentimentos, tornados em inspiração, se transformam em poesia, prosa, dissertação, discurso, apelação, confissão, reza, insulto, pretéritos, realidade ou fantasia.
Ali, após toda aquela resistência e histeria, o poeta lhe escreve, e logo se vai a agonia. A inspiração, agora satisfeita e feita, encontra a paz, dando paz assim ao poeta. Paz?! Mas, a paz do poeta vem da guerra que se trava, constantemente, em seu ser. Pois, é essa guerra que o torna poeta.
Assim, após os sussurros ouvir, o ambiente volta à tranquilidade. E o poeta, que satisfeito está, se entrega novamente ao instante de ebriedade, agora física e corporal. A ebriedade que só um sono (in)consciente pode oferecer.
Mas, o que é um poeta, se não um eterno ébrio, ora por palavras, ora por sentimentos e ora por álcool mesmo.

Morgana Medeiros

Indiazinha


A indiazinha saiu de sua aldeia
Antes mesmo de raiar o dia
Pra vê a sua cocheira preferida
Que a fazia sair, antes mesmo do começo do dia.

Ô, indiazinha, me conta tua agonia.
E ela me diz: - Só essa cachoeira
Com toda sua beleza
Compreende e alivia minha agonia.

Ao mergulhar nela
É minha alma que acalma
Só a olhar, a paz me visita
É aqui, que me sinto viva!

Indiazinha, não saia mais sozinha.
Não me deixe, assim, em grande agonia.
Porém me dizia a indiazinha: - Mas quando estou aqui
Só quero a minha companhia!

Morgana Medeiros.

quinta-feira, junho 23, 2011

Ambição Sacra


Sandálias antigas e paletós de linho
Pele virgem e cicatrizes eternas
Saltos altos e chinelos
Maquiagem e natureza
Gravatas e colares
Saias e shorts
Palmas e silêncio
Chico e Kleber
Livros e gibis
Cortinas e plumas
Coração e razão
Mãos dadas, liberdade e respeito.
Juízes demitidos, conciliadores multiplicados.
Martelos aposentados, abraços são dados.
Verdades opostas, como as mãos diferentes, de frente.
Celebrando a harmonia.

Morgana Medeiros.

domingo, junho 19, 2011

Rosa


Linda rosa pomposa
O que fizeram com tuas pétalas
Teu aroma, tua cor, tua vida?
Não entendo o teu lamento
Tuas lágrimas
Por que choras assim?
As raposinhas te enganaram?
Ou foram as formigas que te sugaram?
Me diz... E para de chorar assim!!
Tuas pétalas desmancharam
Tua beleza se escondeu
No jardim, tu que eras rainha.
Tornastes tão submissa, tão maltrapilha.
Tuas pétalas serão eternas
Tuas raízes serão espessas
E minhas mãos, sempre, aqui estarão.
És as sombras de minha razão
Tu provocas inspiração
Perfume eterno
Enlouqueces minhas manhãs, quando desperto.

Morgana Medeiros

Aleatoriamente


Sorrisos são dados
Presentes são entregues
Abraços trocados
Silêncios compartilhados
E, sempre, aleatoriamente.

O aleatório mais bem articulado que se pode existir
Que se fundem e se complementam
É o existir mais arbitrário que se pode ter
É aquilo que não se pode controlar
Nem falar, nem explicar.

Regras têm suas exceções
Amores têm seus fins
Amizades se esfriam
Corações se partem
Promessas são esquecidas
Sonhos se afogam em copos de cachaça.

A vida se mostra ávida e feroz
As linhas inconsistentes se rompem
Desejos superestimados apodrecem
Segredos exigidos se esquecem
E assim a vida se segue... Meio amargo, meio doce.
Aleatoriamente.

quinta-feira, junho 09, 2011

Ao vento


No ar
Tudo vai pra o ar
É responsabilidade do vento
Arrastar tudo por um único caminho: o esquecimento

E vai ao vento
Ao léu
Momentos, palavras, promessas...
Sonhos, planos...

Mas tua função, você faz tão bem.
Leva embora, com tanto desdém
E me diz...
“Faço assim, porque convém!”

Pra onde levas os sentimentos reprimidos?
Onde tu escondes aquele, mais chegado, amigo?
Qual o esconderijo daquele amor?
Para onde levastes o calor, o ardor?

Nem precisa me responder.
O que eu quero mesmo de você.
É que leve embora essa dor aqui,
Que me atormenta todos os dias, antes de dormir.
Morgana Medeiros



sábado, maio 28, 2011

Minha poesia


Espremendo a alma
Que insiste em calar
Encontrei rimas escondidas
Palavras reprimidadas - minha poesia.

Aproximei-me e interroguei-a,com amor
O que foi que assim te deixou?
A poesia com um olhar tristonho
E uma lágrima no canto do olho
Fitou-me...e disse-me
Você que esqueceu de mim
Eu aqui tentando me mostrar pra ti
E você me trata assim, não empresta teus ouvidos para me ouvir
Não permite tuas mãos serem guiadas por mim

Eu, pobre poeta
Com os olhos perplexos e inundado em lágrimas
Peguei-a em meus braços
E carinho lhe fiz.

Minha poesia é tão carente
Possue uma alma tão quente
E uma narração de arrebatar o coração.
Minha linda, perdoe minha distração!

É que sou assim
Poeta feito, sei não!
Mas voltei pra reconsiderar sua convocação
E me entregar a ti em devoção!

Morgana Medeiros

segunda-feira, maio 16, 2011

Só a viola


Se o rio transbordou
E a lágrima rolou
Pega a viola e toca

Se aquele grande amor
Já findou
Pega a viola e toca

Se de tanto sonho
Pouco se realizou
Pega a viola e toca

Nessas horas
Só a viola
Realmente toca.

Morgana Medeiros

segunda-feira, maio 09, 2011

Doce Insulto



Fazer poesia ouvindo música

É se render a força bruta

O que se ouve

Se reflete


É o bruto mais belo e doce que existe

Mais sentimental que se pode criar

Ter, inventar, reinventar

Não copio nada, apenas recrio, construo.


Mas só quero o brilhantismo de Chico

E a poesia abusada de Caetano

Quero a sensibilidade de Quintana

E a sutileza de Espanca


Do pouco que sei, quero multiplicar (dividindo)

Quero um leque ser

E de tudo, um pouco, conhecer

O conhecer gera um filho chamado conhecimento


E esse filho gerado

Gera mais conhecimento (mais do que a geração de um coelho!)

E não me vem com essa

De que “não entendo”.


Amo desafios

A eles amo aliar-se

O desequilíbrio gera conflito

E dá forma a um novo complexo, um pouco, mais completo


Aquele que soma com você é o que, de fato, importa

Completar?! Ninguém me completa!

Sou, em mim mesma, plena

Plena de mim, do que acredito, de meus conflitos


Falo, sem pretensão

Tenho aprendido com Narciso

Que por a amor a si

Se entregou, mergulhou em seu próprio mistério


Mistério egoísta!

Mas o que é pior (ou menos ruim)

Ser egoísta ao extremo?

Ou ter compaixão exacerbada?


Perdoe-me a indelicadeza ou até frieza (como queira!)

Mas bom mesmo

É o meio termo

É o equilíbrio, é ser um amante que se ama


Se ama, se protege

Se admira, se impõe

Que é seu fã número, principal!

Que feito Narciso, faz do espelho mais que um reflexo


Faz do espelho sua meta

Seu alvo

Nada amargo

E não como um fardo


Minhas pobres rimas,

Me dizem coisas tão profundas

Tão profundo pra mim

Mas tão raso pra’queles ali.


Ah, tira essa cara de desgosto

Minha poesia, aos teus olhos, parecem escrotos?!

Pois esses escrotos

Me são como ouro.Meu tesouro.


Mas já disseram

“Que o lixo do rico

É a riqueza dos pobres!”

Pobres?! São tão ricos!


Riqueza que o capitalismo abole

E que os nossos valores (podres, pobres)

Ignora, faz passar despercebido

E aquele abraço amigo... É tão rico!(sem custo monetário algum!)


Viva os pobres, que são tão ricos!

Viva aqueles que, com força, trapaceiam seus “destinos”!

Viva as “senhoras Elair” da vida!

E aquele “seu menino”, que sente saudades de seu nome ouvir! (Afinal, como é mesmo o seu nome?!)


Pobres desses ricos fingidos

Que posam de mocinhos

Mas são tão mesquinhos

São tão sozinhos, tão vazios.


Não desmereço o capital

Só não aceito qualquer aval

Nem quero ser igual

Àqueles que não entendem o valor do que é tão natural.

Morgana Medeiros