terça-feira, dezembro 27, 2011
Sobre as lembranças...
Passeamos ao luar. Em frente ao mar.
Fizemos do passado um consistente estar.
Reviramos um baú. Tão antigo!
As lembranças retiradas soprávamos ao vento.
E este as fazia impregnar o ar.
O ar do passado, agora no presente.
Sorrisos. Memórias. Mágoas. Lembranças.
Tantas lembranças!
Que nos roubavam o presente.
E nos traziam antigas cartas.
Silenciavam-nos os lábios e inundavam-nos os olhos.
Bons tempos. Tempos tão bons.
Mas outros dias vêm
E aqueles dias por estes são retidos, detidos.
A vida é um oceano, amor!
O que não há valor fica na superfície.
Afetado por tudo, se perde, se vai.
O que se possui dileção subsiste, sobrevive ao fundo,
No fundo desse oceano.
Os grãos do fundo podem até encobri-los,
Mas basta uma forte maré,
E tudo se mostrará.
A ostra se abrirá.
Estará lá, amor!
Deixe as boas lembranças atracadas no fundo.
Que estas revivam em cada sorriso teu.
Mesmo ao sorrir à outras coisas.
As pérolas, amor!
Nascem no fundo. No fundo do mar!
Deixe a profundidade para o que há de bom.
Nas profundezas, reserve os bons amigos, os belos amores, “aqueles” momentos.
Permita que tuas águas os envolvam.
Deixe-os firmados em teu chão.
E traga-os à tona quando quiseres. (Ou não quiseres.)
É, amor!
Certas coisas vão às profundezas desmerecidamente.
Cuide dessas também.
Pois, podem ter te roubado tristes lágrimas
Porém, por estas (também) tuas águas cantam.
Morgana Medeiros
quarta-feira, dezembro 21, 2011
Felicidade.
É uma folha seca que não habita mais a bela árvore.
É o pelo caído do animal adorável.
São os óculos sem as lentes.
A felicidade é desprezível.
É pobre. É sacana. É sonsa.
A felicidade é vã!
Não a procure. Não a deseje.
Essa misteriosa mulher lhe enfeitiça
E se vai. Some!
Não acredite nela.
Infeliz felicidade!!
Morgana Medeiros
domingo, dezembro 18, 2011
Perdas.
Não há quem ganhe sempre.
As perdas sempre virão. Sempre!
Morgana Medeiros
domingo, dezembro 11, 2011
Minh' alma!
Num interior denso e negro
Minh’ alma vive!
Num deserto imerso em secos ares,
Num casebre longe da fumaça da cidade, das convenções, tradições.
Minh’ alma, triste mulher do sorrir.
Só vive, insiste, assiste, resiste.
No olhar que sorrir há o coração que sangra.
Sentir refeito, ressentido, remetido, ofendido, repetido, repentino.
Sentir natural. Não banal. Informal.
Singular ser. Ser singular, porém plural.
Múltiplos e infinitos passos. (largos, curtos, profundos, escuros!)
Quem poderá conter-te?!
Quem te deterá?! Quem?! O que?!
Alma furta-cor, mística, rítmica.
Minh’ alma! Alma minha!
Meu ser, meus eus, meus sons, meus tons.
Minh’ alma, cria minha. Cria-me. Cria tua sou!
Morgana Medeiros
quinta-feira, dezembro 08, 2011
Certos fatos.
Alguns fatos constatados são sinceros, porém severos.
Alguns acontecidos são mãos na face com aspereza.
Alguns e tantos são explanações escuras, frias, sofridas.
Não há. Não dá. Não vá. Vem cá.
Olha nesses olhos que te potencializa e idealiza tanto
E acredite neles. Eles são sinceros.
Uma seda quente me envolve e dissolve-me.
Engole-me e apropria-se de mim.
Seda quente e escura. Crua.
Não há saída, nem entradas.
Não há figuras, nem fachadas.
A seda repressora e fingida vive em insistente corrida, contra minha vida.
Na face, a lágrima desliza triste, tão triste.
É, meu amigo, algumas coisas nos põem pra trás.
Outras coisas nunca nos permitirão ter paz.
E tantas outras, sempre te apontarão “Incapaz”.
Morgana Medeiros
Retratos
Meu bem, não se engane.
Você sabe o quanto há, do passado, nesse sorriso de agora!
Você sabe o que levam as fotos que ficam.
Você sabe que nada passa despercebido.
Ah, meu bem. Eu sei. Eu sei que você sabe.
No coração há um mural, amor!
Alguns retratos antigos são removidos. Novos, postos.
É preciso fugir de alguns. Eles são ofensivos. São cruéis.
Às vezes, é mais triste vê-los amarelados.
Melhor mesmo é não vê-los. É nem tê-los.
Ah, amor. O que levam as fotos que ficam?
O que causam os sentimentos neles contidos?
Não se engane, amor!
Alguns causam dor, outros saudades. Outros...Viagem. (!)
É preciso, sobretudo, saber a hora de parar.
É preciso, às vezes, calar e sentir.
Às vezes, fugir. Outras vezes, fingir. E ainda outras, apenas, sorrir!
É, amor. É preciso saber o que não se quer.
É preciso saber o que não vem.
É preciso saber o que não vai.
É preciso, amor, não precisar!
Sobretudo, não precisar!!
Morgana Medeiros
sexta-feira, novembro 25, 2011
Fim do dia!
Vou dormir!
Que esse dia, pra mim, já deu!
Que nada, minh’alma, acendeu.
Que a luz ilumina, apenas, o que me escurece.
Minha alma está enegrecida!
Nada pra dilatar a pupila.
Nada que me torne mais sentida.
Queria vazar a madrugada.
Mas só o fim me amola.
Que esse dia passe!
Que finde! Que se vá! Que se apague!
Nada me rende agora!
Nada renova! (apenas o fim.)
Nada consola! (nem me deixa afim.)
O que quero está longe da mão.
O que desejo não se alcança, apenas, com o coração.
Finde, dia!
Apague, noite!
Que essa aqui já não tem nada pra ti.
Que essa aqui só precisa parar e dormir!
Pra, quiçá, amanhã sorrir!
Morgana Medeiros
quarta-feira, novembro 23, 2011
O tempo
Sentando com cansada mente.
A mente que mente pra mim.
O alvo que vivi fugindo afim.
As mãos sustentam carinhos invisíveis
Os pés caminham em estradas irreais.
O vão se torna quase irmão. Nem queira saber nossas intimidades!
A amizade abre tantas exceções! (Isenções!!)
O amor exige tantas privações!
A vida é mesquinha.
As coisas não vividas não são esquecidas,
Logo, como diz Quintana, continuam acontecendo.
Mesmo sem acontecer ou ter acontecido. (!)
É. É assim, meu bem! Acredite!
Basta um passo e trilhões de compassos te seguem.
Sorte se forem aliados. Azar se forem cargos.
Ah, meu bem, eu te avisei.
Apontei com o dedo e te mostrei com o coração.
As coisas são e não são, porque são.
Viva, apenas! E não pense que seja pouco.
É muito, é tanto. É tempo. É arte.
Ah, o tempo!
Não confie nele, amor!
Apenas aceite-o. Apenas sorria pra ele, vez ou outra.
Ele é aliado, mas ambíguo!
Ora te traz alívio, ora te trará açoite.
Mas é bom, amor! No fundo, é bom!
Ele é maestro, é mestre.
Mas não pense que ele te fará apagar nada.
Ele, apenas, ameniza as dores pra que você possa viver. (Mas não apaga-as!) Nunca!!
O tempo, meu bem, é aquela brisa suave que arrasta as folhas, que atrai fluidos, que espalha uns, separam outros, que destrói, que limpa um lugar, e com a mesma sutileza, revira outro.
Ah, amor! Certas coisas, por mais que se explique, não se entende!
O lance é viver! É passar! O lance é se deixar, se entregar e acima de tudo, sorrir e se quiser, chorar. Essas são as experiências maiores da vida, as imperdíveis do viver!
Morgana Medeiros
domingo, novembro 20, 2011
A sombra
Minha filha, filhinha!
O caminho é longo!
A vida é curta.
O tempo não perdoa.
Logo, logo a nuvem passa
E a sombra vem!
quarta-feira, novembro 16, 2011
Aquilo da química!
As químicas existem! Elas são reais, mas temporais, passageiras!! Nem sempre a combinação terá a reação desejada. Nem sempre a espuma, do gozo, surgirá. Nem sempre a combinação trará a cor desejada, cintilante e viva.
As químicas se bloqueiam também. As químicas ora dão certo, ora se anulam. As combinações ora casam, ora divorciam-se. As químicas existem, mas são limitadas à combinação, são dependentes dos reagentes para, de fato, reagirem.
As químicas são traiçoeiras. São falíveis! Não são eternas. São, apenas, ternas! Ternas! Apenas isso. E nada mais!!
domingo, novembro 13, 2011
Poeta!
quarta-feira, novembro 02, 2011
O tempo fechou,amor!
sexta-feira, outubro 21, 2011
Quando eu morrer!
sexta-feira, outubro 14, 2011
Viver!
quarta-feira, outubro 12, 2011
Meta
quinta-feira, outubro 06, 2011
Ontem
quarta-feira, outubro 05, 2011
Coisas Davida!
terça-feira, setembro 27, 2011
Amigãos
Graça
sábado, setembro 24, 2011
Cansei
domingo, setembro 18, 2011
Buraco Negro
domingo, setembro 11, 2011
Ser poeta.
É colorir as paisagens daquilo que nunca volta!
terça-feira, agosto 30, 2011
Desejo Azul
Freneticamente aguçado ele vem.
A piscadela elegante e despretensiosa,
Canta o encanto de sua monstruosa,
Beleza. Que (nem vem!) desdém não tem!
Azulado que se projeta em serenidade!
Que ainda calado causa estilhaços!
Estilhaços, do desejo, que logo serão laços.
Que se amontoam, enlaçam e exibem a complexidade.
O desejo azul anda com o branco,
Nesta simbiose torna-se impossível ser manco,
E se descobre inimigo do cinza. (Uniforme feito reza!)
Assim ele vem! Colore a paisagem, projeta miragens!
Suas delicadas mãos elevam do chão, de meu coração, as velhas paisagens.
Enegrecidas por desejos cinzas, neutros e frágeis!
Morgana Medeiros.
quarta-feira, agosto 24, 2011
Soneto da paixão
O gotejar das nuvens molham as passagens.
As águas salgadas dos olhos dão gosto ao paladar.
As ondas ousadas do mar revelam sua imensidão.
O sentir, que chora, faz carinhos ao coração.
O cantar recupera o ar, o sentido, o abrigo.
O silenciar fala ao ser, ao ouvido, ao carinho.
O escrever decifra o pensar.
As mãos entregam as emoções.
O viver camufla o sonhar.
O coração pulsa a vermelhidão.
A sensação sorri pra precisão.
Os olhos transferem compreensões.
Os dedos desenham as confissões.
O vento embala as levezas das paixões.
Morgana Medeiros.
segunda-feira, agosto 15, 2011
Sou!
Sou tudo que digo, mas, também, o que não digo.
Sou tudo que choro e canto.
Sou tudo que acredito e espero.
Sou tudo o penso e expresso.
Sou tudo o que pareço e não pareço.
Sou tudo que admiro e venero.
Sou tudo que brilha meus olhos, iluminando meu coração.
Sou uma canção. Sou uma nação.
Sou uma torcida incansável e insistente.
Sou um pouco de cachaça à meia-noite (à meia luz)!
Sou anos-luz mais do que sou.
Em mim, batem três corações (vezes três)!
Sou a imensidão de mim.
Sou, até, às vezes, o oposto de mim.
Sou o que só eu posso ser
Sou o que sou, o que fui e o que serei.
Sou!!
Morgana Medeiros
sexta-feira, agosto 12, 2011
Conexões...
Quadros, linhas, traços...
Sonhos, desejos, ambições...
Amores, amigos, laços...
Senhores, senhoras, vínculos...
Gritos, silêncios, ruídos...
Passagens, momentos, atípico...
Normal, igual, banal...
Carinhos, carícias, vertigem...
Sede, sedento, acalento...
Palavras, versos, poemas...
Linhas, entrelinhas, interpretações...
Amplo, complexo, profundo...
Sentir, provar, viver...
Atos, autos, linguagem...
Fatos, fotos, miragem...
Amor, mania, vício...
Morgana Medeiros.
segunda-feira, julho 25, 2011
Meus Versos.
E que a luz da alma se volta pra masmorra.
Mais que isso, os olhos fitam sonhos apodrecidos.
As mãos se agarram ao que o coração quer largar.
A alma, edificadora de meu universo, se esconde.
As palavras domesticadas silenciam.
Os pensamentos gritam.
E cada segundo do relógio parece regredir um milênio.
Nesse regresso encontro-me desenhando palavras.
Codificando os sentimentos em versos.
Curvando-me mais a cada momento que os gritos parecem querer desistir de gritar.
Curvo-me na intenção de absorver com precisão os discursos que, agora, sussurram.
Conduzo os versos e seus sucessores cautelosamente.
Com cautela os uno e lhes invento ligações, nexos...
Ali unidos em conexões muitas eles nascem e sorriem.
Sorriem pra mim e por mim. E se entregam aos que os leem. (E cantam e encantam!)
Morgana Medeiros.
quarta-feira, julho 20, 2011
Passagens.
Em dias não narcisos, saia-se com amigos.
Em dias sem graça, tome cachaça.
Em dias de luto, chore.
Em dias de euforia, cante.
Em dias de nostalgia, deite e relembre.
Em dias de solidão, contemple o mar.
Em dias não sombrios, sonhe.
Em dias sombrios, se esconda.
Em dias bons, curta-os.
Em dias ruins, chore.
Em dias improdutivos, lamente.
Em dias ricos, festeje.
Em dias não silenciosos, conte.
Em dias silenciosos, ouça.
Em dias insuficientes, cogite.
Em dias estimulantes, escreva.
Morgana Medeiros.
terça-feira, julho 19, 2011
Devaneios do viver
Eu quero dançar na chuva.
Sem me preocupar com o que vão dizer.
Eu quero sentir as águas geladas do mar.
E gritar do último andar do prédio.
Quero chutar os grãos de areia.
E sentir a música de olhos fechados.
Tomar vinho bem gelado.
Ligar o som bem alto e dançar.
Quero gargalhar, até cansar.
Quero sentir, quero viver, quero poetar e cantar.
Cantar sem medo de errar a letra.
Escrever poesia na madrugada.
Ser inspiração, receber inspirações.
Correr na estrada boêmia vazia.
Sentar e deitar no asfalto frio da estrada.
E sentir, e cantar e viver.
Eu quero ser!
Morgana Medeiros.
sábado, julho 16, 2011
Menina-Amor
Esses versos quem deu-me foi uma grande amiga,que admiro muito,que é muito especial para mim.Obrigada pela inspiração que me você me presenteou. Esses versos são seus e pra você,Lívia Liu.Amo você.
Menina, se cada gota do oceano fosse constituída por um tanto do amor que você leva em si.
Se as flores exalassem tantas fragrâncias assim.
E se os olhos, que desejas, se voltassem pra ti.
E, supostamente, seus sentidos se multiplicassem.
O oceano não te caberia.
O mar te desejaria, o sol te invejaria, os pássaros te cercariam.
A natureza celebraria.
És frenética e duplamente assediada pelo amor.
És o amor. És menina dele.
E tal te faz impoluta.
Te faz sortuda, entregue, consciente e, sobretudo, forte.
Ame, contenha (sem contender) o amor.
Deixe-o banhar seus lençóis.
Deixe-o dilatar suas veias.
Deixe-o poetar pelos cantos.
Deixe-o inebriar-te com seu encanto.
Morgana Medeiros
quinta-feira, julho 14, 2011
Sereno Anoitecer
Numa obscura e terna linha dupla.
Os silêncios envolvem.
O coração acelera.
As pupilas dilatam.
O sonho se apresenta.
O olhar fita o infinito.
As mãos-irmãs se esquentam.
E o sol beija o mar.
O ser se veste de serenidade.
O vento lhe embala.
A areia se diverte no corpo.
Os pés se afogam nas ondas travessas do mar.
O céu alaranjado. O delinear do anoitecer.
O calor da alma sublima o frio da noite.
Os cantos nascem.
As vozes se unem.
Ali entre natural e sobrenatural.
Entre sonho e realidade.
Entre céu e mar.
Entre luz e som: contempla-se, entrega-se ao mar.
Morgana Medeiros.
quarta-feira, julho 06, 2011
Coração.
Sou apenas mais uma inveterada e assumida saudosista.
Insisto num passado diferente.
Num passado que não vivi e talvez nunca viva.
Mas vive me assediando.
Vive se mostrando. Se exibindo de perfeito.
Mas, o não viver trás um tanto de morte.
Faz o avesso da sorte.
Que caminho é esse obscuro?
Que me atrai sem dó, nem piedade.
Atrai pra si, mesmo sem está afim.
É visivelmente atraente, desperta curiosidade, entra para lista de ambições.
Vãs ambições. Vãos. São vãos.
Se vão. Vão se perpetuando em corações.
Pobres corações. Alvos tristonhos e cansados.
Sem alarde, ele já sabe silenciar.
Já conhece essa canção e sabe que só se ouve silenciosamente.
A canção silenciosa que tanto toca.
Ah, meu coração!
Quantos sinais foram seguidos, erroneamente?
Quantos rastros foram assiduamente acariciados?
Não pare, coração.
Há de existir uma boa habitação.
Que ensinará uma nova e bela canção.
Onde o único vão será o do porão.
Onde outras notas comporá a canção.
E sentirá outra mão a segurar suas solitárias mãos, coração!
Morgana Medeiros.
sábado, julho 02, 2011
Rica Madrugada
É a inspiração que se revela, são os sentimentos em desejo de ser concretos. O poeta, seu porta-voz, sabendo de sua missão, ouve os sussurros, já agora falados com mais intensidade, e os põem em um lugar que lhe dá paz: o papel.
Os sentimentos, tornados em inspiração, se transformam em poesia, prosa, dissertação, discurso, apelação, confissão, reza, insulto, pretéritos, realidade ou fantasia.
Ali, após toda aquela resistência e histeria, o poeta lhe escreve, e logo se vai a agonia. A inspiração, agora satisfeita e feita, encontra a paz, dando paz assim ao poeta. Paz?! Mas, a paz do poeta vem da guerra que se trava, constantemente, em seu ser. Pois, é essa guerra que o torna poeta.
Assim, após os sussurros ouvir, o ambiente volta à tranquilidade. E o poeta, que satisfeito está, se entrega novamente ao instante de ebriedade, agora física e corporal. A ebriedade que só um sono (in)consciente pode oferecer.
Mas, o que é um poeta, se não um eterno ébrio, ora por palavras, ora por sentimentos e ora por álcool mesmo.
Morgana Medeiros
Indiazinha
A indiazinha saiu de sua aldeia
Antes mesmo de raiar o dia
Pra vê a sua cocheira preferida
Que a fazia sair, antes mesmo do começo do dia.
Ô, indiazinha, me conta tua agonia.
E ela me diz: - Só essa cachoeira
Com toda sua beleza
Compreende e alivia minha agonia.
Ao mergulhar nela
É minha alma que acalma
Só a olhar, a paz me visita
É aqui, que me sinto viva!
Indiazinha, não saia mais sozinha.
Não me deixe, assim, em grande agonia.
Porém me dizia a indiazinha: - Mas quando estou aqui
Só quero a minha companhia!
Morgana Medeiros.
quinta-feira, junho 23, 2011
Ambição Sacra
Sandálias antigas e paletós de linho
Pele virgem e cicatrizes eternas
Saltos altos e chinelos
Maquiagem e natureza
Gravatas e colares
Saias e shorts
Palmas e silêncio
Chico e Kleber
Livros e gibis
Cortinas e plumas
Coração e razão
Mãos dadas, liberdade e respeito.
Juízes demitidos, conciliadores multiplicados.
Martelos aposentados, abraços são dados.
Verdades opostas, como as mãos diferentes, de frente.
Celebrando a harmonia.
Morgana Medeiros.
domingo, junho 19, 2011
Rosa
Linda rosa pomposa
O que fizeram com tuas pétalas
Teu aroma, tua cor, tua vida?
Não entendo o teu lamento
Tuas lágrimas
Por que choras assim?
As raposinhas te enganaram?
Ou foram as formigas que te sugaram?
Me diz... E para de chorar assim!!
Tuas pétalas desmancharam
Tua beleza se escondeu
No jardim, tu que eras rainha.
Tornastes tão submissa, tão maltrapilha.
Tuas pétalas serão eternas
Tuas raízes serão espessas
E minhas mãos, sempre, aqui estarão.
És as sombras de minha razão
Tu provocas inspiração
Perfume eterno
Enlouqueces minhas manhãs, quando desperto.
Morgana Medeiros
Aleatoriamente
Sorrisos são dados
Presentes são entregues
Abraços trocados
Silêncios compartilhados
E, sempre, aleatoriamente.
O aleatório mais bem articulado que se pode existir
Que se fundem e se complementam
É o existir mais arbitrário que se pode ter
É aquilo que não se pode controlar
Nem falar, nem explicar.
Regras têm suas exceções
Amores têm seus fins
Amizades se esfriam
Corações se partem
Promessas são esquecidas
Sonhos se afogam em copos de cachaça.
A vida se mostra ávida e feroz
As linhas inconsistentes se rompem
Desejos superestimados apodrecem
Segredos exigidos se esquecem
E assim a vida se segue... Meio amargo, meio doce.
Aleatoriamente.
quinta-feira, junho 09, 2011
Ao vento
No ar
Tudo vai pra o ar
É responsabilidade do vento
Arrastar tudo por um único caminho: o esquecimento
E vai ao vento
Ao léu
Momentos, palavras, promessas...
Sonhos, planos...
Mas tua função, você faz tão bem.
Leva embora, com tanto desdém
E me diz...
“Faço assim, porque convém!”
Pra onde levas os sentimentos reprimidos?
Onde tu escondes aquele, mais chegado, amigo?
Qual o esconderijo daquele amor?
Para onde levastes o calor, o ardor?
Nem precisa me responder.
O que eu quero mesmo de você.
É que leve embora essa dor aqui,
Que me atormenta todos os dias, antes de dormir.
Morgana Medeiros
sábado, maio 28, 2011
Minha poesia
Espremendo a alma
Que insiste em calar
Encontrei rimas escondidas
Palavras reprimidadas - minha poesia.
Aproximei-me e interroguei-a,com amor
O que foi que assim te deixou?
A poesia com um olhar tristonho
E uma lágrima no canto do olho
Fitou-me...e disse-me
Você que esqueceu de mim
Eu aqui tentando me mostrar pra ti
E você me trata assim, não empresta teus ouvidos para me ouvir
Não permite tuas mãos serem guiadas por mim
Eu, pobre poeta
Com os olhos perplexos e inundado em lágrimas
Peguei-a em meus braços
E carinho lhe fiz.
Minha poesia é tão carente
Possue uma alma tão quente
E uma narração de arrebatar o coração.
Minha linda, perdoe minha distração!
É que sou assim
Poeta feito, sei não!
Mas voltei pra reconsiderar sua convocação
E me entregar a ti em devoção!
Morgana Medeiros
segunda-feira, maio 16, 2011
Só a viola
segunda-feira, maio 09, 2011
Doce Insulto
Fazer poesia ouvindo música
É se render a força bruta
O que se ouve
Se reflete
É o bruto mais belo e doce que existe
Mais sentimental que se pode criar
Ter, inventar, reinventar
Não copio nada, apenas recrio, construo.
Mas só quero o brilhantismo de Chico
E a poesia abusada de Caetano
Quero a sensibilidade de Quintana
E a sutileza de Espanca
Do pouco que sei, quero multiplicar (dividindo)
Quero um leque ser
E de tudo, um pouco, conhecer
O conhecer gera um filho chamado conhecimento
E esse filho gerado
Gera mais conhecimento (mais do que a geração de um coelho!)
E não me vem com essa
De que “não entendo”.
Amo desafios
A eles amo aliar-se
O desequilíbrio gera conflito
E dá forma a um novo complexo, um pouco, mais completo
Aquele que soma com você é o que, de fato, importa
Completar?! Ninguém me completa!
Sou, em mim mesma, plena
Plena de mim, do que acredito, de meus conflitos
Falo, sem pretensão
Tenho aprendido com Narciso
Que por a amor a si
Se entregou, mergulhou em seu próprio mistério
Mistério egoísta!
Mas o que é pior (ou menos ruim)
Ser egoísta ao extremo?
Ou ter compaixão exacerbada?
Perdoe-me a indelicadeza ou até frieza (como queira!)
Mas bom mesmo
É o meio termo
É o equilíbrio, é ser um amante que se ama
Se ama, se protege
Se admira, se impõe
Que é seu fã número, principal!
Que feito Narciso, faz do espelho mais que um reflexo
Faz do espelho sua meta
Seu alvo
Nada amargo
E não como um fardo
Minhas pobres rimas,
Me dizem coisas tão profundas
Tão profundo pra mim
Mas tão raso pra’queles ali.
Ah, tira essa cara de desgosto
Minha poesia, aos teus olhos, parecem escrotos?!
Pois esses escrotos
Me são como ouro.Meu tesouro.
Mas já disseram
“Que o lixo do rico
É a riqueza dos pobres!”
Pobres?! São tão ricos!
Riqueza que o capitalismo abole
E que os nossos valores (podres, pobres)
Ignora, faz passar despercebido
E aquele abraço amigo... É tão rico!(sem custo monetário algum!)
Viva os pobres, que são tão ricos!
Viva aqueles que, com força, trapaceiam seus “destinos”!
Viva as “senhoras Elair” da vida!
E aquele “seu menino”, que sente saudades de seu nome ouvir! (Afinal, como é mesmo o seu nome?!)
Pobres desses ricos fingidos
Que posam de mocinhos
Mas são tão mesquinhos
São tão sozinhos, tão vazios.
Não desmereço o capital
Só não aceito qualquer aval
Nem quero ser igual
Àqueles que não entendem o valor do que é tão natural.
Morgana Medeiros