sábado, julho 02, 2011

Rica Madrugada

É madrugada. Os olhos, cansados, não querem abrir. As mãos, tão bem colocadas, se recusam a sair da comodidade. O corpo, na inércia, não consegue acreditar no que se passa. No entanto, há uma inquietação no ambiente, alguns sussurros, que de tão intensos, tornam-se gritos. Sem mais poder resistir, eles se ativam: os olhos se abrem, as mãos se dispõem, o corpo obedece.
É a inspiração que se revela, são os sentimentos em desejo de ser concretos. O poeta, seu porta-voz, sabendo de sua missão, ouve os sussurros, já agora falados com mais intensidade, e os põem em um lugar que lhe dá paz: o papel.
Os sentimentos, tornados em inspiração, se transformam em poesia, prosa, dissertação, discurso, apelação, confissão, reza, insulto, pretéritos, realidade ou fantasia.
Ali, após toda aquela resistência e histeria, o poeta lhe escreve, e logo se vai a agonia. A inspiração, agora satisfeita e feita, encontra a paz, dando paz assim ao poeta. Paz?! Mas, a paz do poeta vem da guerra que se trava, constantemente, em seu ser. Pois, é essa guerra que o torna poeta.
Assim, após os sussurros ouvir, o ambiente volta à tranquilidade. E o poeta, que satisfeito está, se entrega novamente ao instante de ebriedade, agora física e corporal. A ebriedade que só um sono (in)consciente pode oferecer.
Mas, o que é um poeta, se não um eterno ébrio, ora por palavras, ora por sentimentos e ora por álcool mesmo.

Morgana Medeiros

5 comentários:

  1. Meu Bem tão psicanalítica, nem precisa dizer que eu amo ler as palavras inconsciente e histeria weeee Te amo docinho!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. OH,meu bem. Admiro a psicanálise!!Eh surreal, feito eu!rsrs...

    Bjusss....Amu-te!

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  4. A velha guerra interior, os conflitos que não deixam a quietude habitar...Sentimentos bem conhecidos!
    :D

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  5. Eh sim!Eh a guerra necessária,que trás paz ao coração do poeta.

    ;D

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