quinta-feira, junho 23, 2011

Ambição Sacra


Sandálias antigas e paletós de linho
Pele virgem e cicatrizes eternas
Saltos altos e chinelos
Maquiagem e natureza
Gravatas e colares
Saias e shorts
Palmas e silêncio
Chico e Kleber
Livros e gibis
Cortinas e plumas
Coração e razão
Mãos dadas, liberdade e respeito.
Juízes demitidos, conciliadores multiplicados.
Martelos aposentados, abraços são dados.
Verdades opostas, como as mãos diferentes, de frente.
Celebrando a harmonia.

Morgana Medeiros.

domingo, junho 19, 2011

Rosa


Linda rosa pomposa
O que fizeram com tuas pétalas
Teu aroma, tua cor, tua vida?
Não entendo o teu lamento
Tuas lágrimas
Por que choras assim?
As raposinhas te enganaram?
Ou foram as formigas que te sugaram?
Me diz... E para de chorar assim!!
Tuas pétalas desmancharam
Tua beleza se escondeu
No jardim, tu que eras rainha.
Tornastes tão submissa, tão maltrapilha.
Tuas pétalas serão eternas
Tuas raízes serão espessas
E minhas mãos, sempre, aqui estarão.
És as sombras de minha razão
Tu provocas inspiração
Perfume eterno
Enlouqueces minhas manhãs, quando desperto.

Morgana Medeiros

Aleatoriamente


Sorrisos são dados
Presentes são entregues
Abraços trocados
Silêncios compartilhados
E, sempre, aleatoriamente.

O aleatório mais bem articulado que se pode existir
Que se fundem e se complementam
É o existir mais arbitrário que se pode ter
É aquilo que não se pode controlar
Nem falar, nem explicar.

Regras têm suas exceções
Amores têm seus fins
Amizades se esfriam
Corações se partem
Promessas são esquecidas
Sonhos se afogam em copos de cachaça.

A vida se mostra ávida e feroz
As linhas inconsistentes se rompem
Desejos superestimados apodrecem
Segredos exigidos se esquecem
E assim a vida se segue... Meio amargo, meio doce.
Aleatoriamente.

quinta-feira, junho 09, 2011

Ao vento


No ar
Tudo vai pra o ar
É responsabilidade do vento
Arrastar tudo por um único caminho: o esquecimento

E vai ao vento
Ao léu
Momentos, palavras, promessas...
Sonhos, planos...

Mas tua função, você faz tão bem.
Leva embora, com tanto desdém
E me diz...
“Faço assim, porque convém!”

Pra onde levas os sentimentos reprimidos?
Onde tu escondes aquele, mais chegado, amigo?
Qual o esconderijo daquele amor?
Para onde levastes o calor, o ardor?

Nem precisa me responder.
O que eu quero mesmo de você.
É que leve embora essa dor aqui,
Que me atormenta todos os dias, antes de dormir.
Morgana Medeiros