Tem dias que a vida não tem gosto de vida.
E que a luz da alma se volta pra masmorra.
Mais que isso, os olhos fitam sonhos apodrecidos.
As mãos se agarram ao que o coração quer largar.
A alma, edificadora de meu universo, se esconde.
As palavras domesticadas silenciam.
Os pensamentos gritam.
E cada segundo do relógio parece regredir um milênio.
Nesse regresso encontro-me desenhando palavras.
Codificando os sentimentos em versos.
Curvando-me mais a cada momento que os gritos parecem querer desistir de gritar.
Curvo-me na intenção de absorver com precisão os discursos que, agora, sussurram.
Conduzo os versos e seus sucessores cautelosamente.
Com cautela os uno e lhes invento ligações, nexos...
Ali unidos em conexões muitas eles nascem e sorriem.
Sorriem pra mim e por mim. E se entregam aos que os leem. (E cantam e encantam!)
Morgana Medeiros.
segunda-feira, julho 25, 2011
quarta-feira, julho 20, 2011
Passagens.
Em dias não narcisos, saia-se com amigos.
Em dias sem graça, tome cachaça.
Em dias de luto, chore.
Em dias de euforia, cante.
Em dias de nostalgia, deite e relembre.
Em dias de solidão, contemple o mar.
Em dias não sombrios, sonhe.
Em dias sombrios, se esconda.
Em dias bons, curta-os.
Em dias ruins, chore.
Em dias improdutivos, lamente.
Em dias ricos, festeje.
Em dias não silenciosos, conte.
Em dias silenciosos, ouça.
Em dias insuficientes, cogite.
Em dias estimulantes, escreva.
Morgana Medeiros.
terça-feira, julho 19, 2011
Devaneios do viver
Eu quero dançar na chuva.
Sem me preocupar com o que vão dizer.
Eu quero sentir as águas geladas do mar.
E gritar do último andar do prédio.
Quero chutar os grãos de areia.
E sentir a música de olhos fechados.
Tomar vinho bem gelado.
Ligar o som bem alto e dançar.
Quero gargalhar, até cansar.
Quero sentir, quero viver, quero poetar e cantar.
Cantar sem medo de errar a letra.
Escrever poesia na madrugada.
Ser inspiração, receber inspirações.
Correr na estrada boêmia vazia.
Sentar e deitar no asfalto frio da estrada.
E sentir, e cantar e viver.
Eu quero ser!
Morgana Medeiros.
sábado, julho 16, 2011
Menina-Amor
Esses versos quem deu-me foi uma grande amiga,que admiro muito,que é muito especial para mim.Obrigada pela inspiração que me você me presenteou. Esses versos são seus e pra você,Lívia Liu.Amo você.
Menina, se cada gota do oceano fosse constituída por um tanto do amor que você leva em si.
Se as flores exalassem tantas fragrâncias assim.
E se os olhos, que desejas, se voltassem pra ti.
E, supostamente, seus sentidos se multiplicassem.
O oceano não te caberia.
O mar te desejaria, o sol te invejaria, os pássaros te cercariam.
A natureza celebraria.
És frenética e duplamente assediada pelo amor.
És o amor. És menina dele.
E tal te faz impoluta.
Te faz sortuda, entregue, consciente e, sobretudo, forte.
Ame, contenha (sem contender) o amor.
Deixe-o banhar seus lençóis.
Deixe-o dilatar suas veias.
Deixe-o poetar pelos cantos.
Deixe-o inebriar-te com seu encanto.
Morgana Medeiros
quinta-feira, julho 14, 2011
Sereno Anoitecer
Numa obscura e terna linha dupla.
Os silêncios envolvem.
O coração acelera.
As pupilas dilatam.
O sonho se apresenta.
O olhar fita o infinito.
As mãos-irmãs se esquentam.
E o sol beija o mar.
O ser se veste de serenidade.
O vento lhe embala.
A areia se diverte no corpo.
Os pés se afogam nas ondas travessas do mar.
O céu alaranjado. O delinear do anoitecer.
O calor da alma sublima o frio da noite.
Os cantos nascem.
As vozes se unem.
Ali entre natural e sobrenatural.
Entre sonho e realidade.
Entre céu e mar.
Entre luz e som: contempla-se, entrega-se ao mar.
Morgana Medeiros.
quarta-feira, julho 06, 2011
Coração.
Sou apenas mais uma inveterada e assumida saudosista.
Insisto num passado diferente.
Num passado que não vivi e talvez nunca viva.
Mas vive me assediando.
Vive se mostrando. Se exibindo de perfeito.
Mas, o não viver trás um tanto de morte.
Faz o avesso da sorte.
Que caminho é esse obscuro?
Que me atrai sem dó, nem piedade.
Atrai pra si, mesmo sem está afim.
É visivelmente atraente, desperta curiosidade, entra para lista de ambições.
Vãs ambições. Vãos. São vãos.
Se vão. Vão se perpetuando em corações.
Pobres corações. Alvos tristonhos e cansados.
Sem alarde, ele já sabe silenciar.
Já conhece essa canção e sabe que só se ouve silenciosamente.
A canção silenciosa que tanto toca.
Ah, meu coração!
Quantos sinais foram seguidos, erroneamente?
Quantos rastros foram assiduamente acariciados?
Não pare, coração.
Há de existir uma boa habitação.
Que ensinará uma nova e bela canção.
Onde o único vão será o do porão.
Onde outras notas comporá a canção.
E sentirá outra mão a segurar suas solitárias mãos, coração!
Morgana Medeiros.
sábado, julho 02, 2011
Rica Madrugada
É madrugada. Os olhos, cansados, não querem abrir. As mãos, tão bem colocadas, se recusam a sair da comodidade. O corpo, na inércia, não consegue acreditar no que se passa. No entanto, há uma inquietação no ambiente, alguns sussurros, que de tão intensos, tornam-se gritos. Sem mais poder resistir, eles se ativam: os olhos se abrem, as mãos se dispõem, o corpo obedece.
É a inspiração que se revela, são os sentimentos em desejo de ser concretos. O poeta, seu porta-voz, sabendo de sua missão, ouve os sussurros, já agora falados com mais intensidade, e os põem em um lugar que lhe dá paz: o papel.
Os sentimentos, tornados em inspiração, se transformam em poesia, prosa, dissertação, discurso, apelação, confissão, reza, insulto, pretéritos, realidade ou fantasia.
Ali, após toda aquela resistência e histeria, o poeta lhe escreve, e logo se vai a agonia. A inspiração, agora satisfeita e feita, encontra a paz, dando paz assim ao poeta. Paz?! Mas, a paz do poeta vem da guerra que se trava, constantemente, em seu ser. Pois, é essa guerra que o torna poeta.
Assim, após os sussurros ouvir, o ambiente volta à tranquilidade. E o poeta, que satisfeito está, se entrega novamente ao instante de ebriedade, agora física e corporal. A ebriedade que só um sono (in)consciente pode oferecer.
Mas, o que é um poeta, se não um eterno ébrio, ora por palavras, ora por sentimentos e ora por álcool mesmo.
Morgana Medeiros
É a inspiração que se revela, são os sentimentos em desejo de ser concretos. O poeta, seu porta-voz, sabendo de sua missão, ouve os sussurros, já agora falados com mais intensidade, e os põem em um lugar que lhe dá paz: o papel.
Os sentimentos, tornados em inspiração, se transformam em poesia, prosa, dissertação, discurso, apelação, confissão, reza, insulto, pretéritos, realidade ou fantasia.
Ali, após toda aquela resistência e histeria, o poeta lhe escreve, e logo se vai a agonia. A inspiração, agora satisfeita e feita, encontra a paz, dando paz assim ao poeta. Paz?! Mas, a paz do poeta vem da guerra que se trava, constantemente, em seu ser. Pois, é essa guerra que o torna poeta.
Assim, após os sussurros ouvir, o ambiente volta à tranquilidade. E o poeta, que satisfeito está, se entrega novamente ao instante de ebriedade, agora física e corporal. A ebriedade que só um sono (in)consciente pode oferecer.
Mas, o que é um poeta, se não um eterno ébrio, ora por palavras, ora por sentimentos e ora por álcool mesmo.
Morgana Medeiros
Indiazinha
A indiazinha saiu de sua aldeia
Antes mesmo de raiar o dia
Pra vê a sua cocheira preferida
Que a fazia sair, antes mesmo do começo do dia.
Ô, indiazinha, me conta tua agonia.
E ela me diz: - Só essa cachoeira
Com toda sua beleza
Compreende e alivia minha agonia.
Ao mergulhar nela
É minha alma que acalma
Só a olhar, a paz me visita
É aqui, que me sinto viva!
Indiazinha, não saia mais sozinha.
Não me deixe, assim, em grande agonia.
Porém me dizia a indiazinha: - Mas quando estou aqui
Só quero a minha companhia!
Morgana Medeiros.
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