Você não sabe, Clara?
Que quanto mais o mundo gira, mais a verdade é
desconhecida.
Que a cada escolha muitas outras são rejeitadas.
E quase nunca são as certas. (Se é que a certa
existe!)
As coisas são, menina. Apenas são.
Se bem que, por vezes, vão.
Os acontecimentos são bolhas que logo desaparecem no
ar.
E nossos olhos se fecham pra espuma não machucar.
No entanto, a necessidade de tê-los nos leva a
insistir e olhar.
Daí quando a bolha rompe, ferindo-nos os olhos, nos
pomos a chorar.
Ando tão feliz, Clara.
Que não me importo mais com tais bolhas.
Sopro-as pra longe.
E deixo-as romper longe de meus olhos.
Apego-me ao devaneio da felicidade e vou.
E sendo assim costumo driblar o fim.
Morgana
Medeiros